sexta-feira, 20 de maio de 2016

Cátaros

Cátaros: Extermínio dos puros

Eles afirmavam que Jesus não era filho de Deus e defendiam a igualdade entre mulheres e homens. Conheça a história dos cátaros, cristãos que foram vítimas de uma cruzada e alvo da Inquisição

Pedro Silva | 01/01/2008 00h00
Os forasteiros chegam à pequena vila sem causar nenhum alarde. Após percorrer centenas de quilômetros a pé, seu andar tornou-se arrastado e seus calçados se deterioraram. Têm a cabeça raspada e vestem-se de forma maltrapilha, com uma longa batina de cor negra presa por uma tira fina de couro. Após uma recepção praticamente inexistente, eles começam a ser reconhecidos e respeitados pela comunidade. Em pouco tempo, se tornarão líderes religiosos capazes de fazer frente à influência da poderosa Igreja Católica.
No fim do século 12, as cenas descritas acima se tornariam cada vez mais comuns na ampla região do Languedoc, no sul da atual França. Cidade após cidade, os cátaros iam espalhando sua fé, baseada na simplicidade e na busca da pureza (katharos, em grego, significa “puro”). A religião nascera do cristianismo, mas era marcada por profundas diferenças em relação às doutrinas do Vaticano. Acusados de heresia e até chamados de adoradores do diabo, os cátaros provocaram uma implacável reação do papado. O esforço para eliminá-los incluiu uma cruzada e foi um dos principais motivos para a criação do Tribunal do Santo Ofício – mais conhecido como Inquisição.
No século 14, cerca de 200 anos após o catarismo ter surgido, seus últimos representantes foram varridos do mapa. Para entender a intensidade da violência promovida pela Igreja Católica contra eles, é fundamental compreender como os cátaros foram capazes de conquistar os corações e as mentes medievais. E sua brutal eliminação é um dos exemplos mais bem acabados do incrível poder do papado sobre a Europa da Idade Média.
Bispos vistosos
O primeiro grupo cátaro conhecido apareceu na década de 1120, na cidade de Limousin. Logo eles chegaram a povoados próximos, como Albi, Toulouse e Carcassonne, sempre no Languedoc. A região, separada do resto do território francês pelas montanhas dos Pirineus, era governada pela dinastia dos Raimundos. Eram terras prósperas, fortes na agricultura e na indústria têxtil. À primeira vista, seria difícil prever que num local tão estável – e religioso – pudesse surgir uma crença que desafiasse a Igreja. Mas, àquela altura, a sociedade medieval estava passando por importantes transformações.
A Europa vivia uma fase de aumento populacional e melhoria das condições de vida, com o desenvolvimento das cidades medievais. No ambiente urbano, aumentava o contato entre as pessoas e a busca pelo conhecimento. Uma parcela da população começou então a refletir sobre várias questões, entre elas a própria fé. Na origem da expansão do cristianismo, que ocorrera cerca de nove séculos antes, estavam valores como a pobreza, o sofrimento pessoal e a sensação de unidade com Deus. Por volta do século 11, entretanto, a situação do clero não era exatamente essa.
Por todo lado, pululavam grandes edifícios religiosos, magnificamente ornamentados – alguns deles deram início ao estilo que ficaria conhecido como “gótico”, que caracteriza algumas das principais catedrais da Europa. Além disso, os sacerdotes cristãos (sobretudo os bispos e seus representantes locais, os padres) usavam os fartos recursos da Igreja para garantir a si mesmos uma vida tranqüila. A imagem típica do cristianismo, aquele Jesus magro, de olhar triste e agonizando na cruz, era apenas uma vaga recordação – o perfil do clero estava mais próximo do bispo rechonchudo de roupas vistosas e dedos ornados com toda a sorte de joalharia.
Abaixo os dogmas
Diante das contradições da Igreja, a influência dos cátaros avançava rapidamente. Em 1167, alguns deles se reuniram no encontro que marcou o nascimento oficial da nova religião: o concílio de Saint-Félix-de-Caraman (hoje Saint-Félix-Lauragais, no sul da França). Compareceram cátaros não só do Languedoc, mas de áreas mais distantes como a Lombardia (na atual Itália) e a Catalunha (hoje na Espanha). Muito pouco se sabe sobre o que ocorreu na reunião. Ela provavelmente foi presidida por um homem chamado Nicetas – um cristão dissidente vindo de Constantinopla e apelidado de “papa” – e organizou as bases do catarismo.
Para os cátaros, o livro sagrado era a Bíblia (em particular o Novo Testamento). Sua religião, entretanto, divergia muito do catolicismo. O princípio fundamental era o dualismo: segundo ele, o mundo seria composto de dois reinos opostos e coexistentes. O primeiro, comandado por Deus, seria invisível e luminoso, onde só existiria o bem. Já o segundo reino, material e visível, seria controlado pelo diabo. Em outras palavras: segundo o catarismo, o inferno ficava na Terra. E o objetivo da vida humana seria escapar do mal através da purificação dos espíritos, reencarnação após reencarnação. Se isso fosse feito, quando chegasse o Juízo Final, todos se salvariam e iriam para o reino de Deus.
Apesar de se considerarem cristãos, os cátaros não acreditavam que Jesus fosse filho de Deus. Ele era apenas considerado um profeta importante, que havia divulgado alguns ideais que mereciam ser seguidos. Para completar a afronta ao catolicismo, os cátaros viam São João Batista como nada menos que um instrumento a serviço do diabo. Afinal, por meio do batismo, ele teria cumprido a profecia de que Jesus era o messias – coisa na qual, como vimos, o catarismo não acreditava.
Assim como a teoria, a prática dos cátaros era bem diferente da dos católicos. Eles recusavam o ritual da hóstia sagrada (em suas cerimônias, bastante simples, havia apenas a repartição do pão). Tampouco aceitavam o papel subalterno que o papado romano reservava para as mulheres – para o catarismo, o ser humano não admitia distinção entre sexos. A elas era permitido, inclusive, celebrar ritos religiosos.
A autoridade do papa ou de seus bispos não era reconhecida pelos cátaros. Sem uma liderança espiritual única, eles dividiam os seguidores da religião em três níveis. O mais alto deles era o dos Perfeitos, também conhecidos como “bons homens”. Para chegar a esse posto, era preciso passar por duras provas e receber o Consolamentum, o único sacramento cátaro (que, grosso modo, resumia num só o batismo, a ordenação e a extrema-unção). Os Perfeitos eram celibatários e passavam grande parte dos dias em oração e jejum.
Abaixo dos Perfeitos estavam os Crentes, categoria que reunia a grande maioria dos cátaros. Eles comungavam das práticas de virtude e humildade, mas não estavam obrigados a qualquer tipo de abstinência. Podiam casar (embora preferissem o concubinato) e só tinham direito a receber o Consolamentum na hora da morte. O terceiro nível da sociedade cátara era composto pelos Ouvintes. Simpatizantes da religião, eles acompanhavam as palestras dos Perfeitos e se curvavam perante eles para receber a bênção.
Na virada do século 13, o avanço dos cátaros havia se tornado a maior preocupação da Igreja. “Havia o perigo de que a contestação à ordem imposta por Roma se estendesse rapidamente a outras regiões da cristandade”, escreveu o historiador Ernest Bendriss em artigo publicado na revista espanhola História y Vida em março de 2007. A reação não tardaria.
Armas contra a fé
“Matem-nos todos. Deus saberá reconhecer os seus!” De acordo com alguns registros, foi com essas palavras que o abade Arnoldo de Amaury incitou à aniquilação total dos cátaros que se escondiam na fortaleza de Béziers, no Languedoc, em julho de 1209. Há quem defenda a tese de que a frase nunca foi dita. De qualquer modo, ela resume bem o espírito da sangrenta Cruzada Albigense – graças à grande concentração de cátaros na cidade de Albi, eles também eram conhecidos como “albigenses”.
Antes de recorrer às armas, entretanto, a Igreja tentou combater o catarismo no campo da fé. Há relatos de que, entre 1165 e 1198, os cátaros foram perseguidos publicamente em locais tão díspares quanto Lombers (França), Colônia (Alemanha) e Oxford (Inglaterra). Para ouvir e julgar os hereges, a Igreja montou tribunais eclesiásticos. Graças à experiência dos cátaros como oradores, entretanto, eles se defenderam brilhantemente das acusações e viram sua fé ganhar status de religião. Apesar de ter havido algumas condenações, o prestígio dos Perfeitos saiu fortalecido.
Em 1205, Domingos de Gusmão criou a ordem dos dominicanos. Pregando uma postura moral exemplar e o retorno aos princípios originais da cristandade, eles tentavam competir com a “pureza” dos cátaros. O problema é que os sacerdotes católicos não conseguiam se aproximar da população como os Perfeitos. Quando um líder cátaro chegava a uma vila, sua primeira preocupação era encontrar emprego. Após trabalhar de dia para se manter, ele dedicava a noite ao diálogo com os locais, procurando transmitir seus conceitos religiosos. Enquanto isso, os monges católicos raramente eram vistos em contato com o povo – optavam, em geral, pela clausura.
Diante da contínua perda de fiéis, o papa Inocêncio III decretou o confisco dos bens de todos aqueles considerados hereges. Sua vontade foi cumprida por todos os cantos da Europa. Exceto no Languedoc, onde os governantes se recusaram a agir contra os cátaros. A alternativa encontrada pelo pontífice foi montar uma verdadeira força-tarefa: ordenou que os clérigos se unissem aos pregadores dominicanos para, em conjunto, redobrar a batalha pela fé no Languedoc. Sacerdotes católicos se misturaram aos Perfeitos nas ruas, mas pouca coisa parecia mudar. Até que um crime selou o destino dos cátaros.
Em 1208, o legado papal (figura máxima da hierarquia da Igreja na região, representante direto do pontífice) Pedro de Castelnau foi morto por alguns habitantes de Toulouse. Logo correu a notícia de que os assassinos eram, supostamente, cátaros. Inocêncio III teve, então, a deixa de que precisava. Em 10 de março, organizou uma cruzada liderada por Arnoldo de Amaury e pelo bispo Folquet de Marselha. No campo de batalha, o comando coube a Simão de Montfort, à frente de um exército com 10 mil homens.
Além dos cátaros, o alvo da cruzada foram os principais nobres que davam proteção a eles: o conde Raimundo VI de Toulouse e o visconde Raimundo Rogério de Trencavel. O primeiro grande ataque, em Béziers, surpreendeu pela violência intensa e indiscriminada. Cátaros e católicos, Perfeitos e padres, não importa: todos foram massacrados pelos cruzados. “Os cruzados não mostravam clemência. Mulheres e crianças amontoaram-se na igreja de Santa Maria Madalena, na parte alta da cidade”, escreve o historiador canadense Stephen O’Shea em A Heresia dos Cátaros. “Deveriam ter sido à volta de mil, um cálculo baseado na capacidade da igreja. Fossem quantos fossem, a igreja estava apinhada de aterrorizados católicos e cátaros quando os cruzados derrubaram os portões e massacraram todos os que ali se encontravam”, completa. Em 1840, durante uma reforma do templo, várias ossadas foram descobertas sob o piso.
Estima-se que, em Béziers, nada menos que 20 mil pessoas tenham sido mortas – praticamente toda a população da cidade. Depois disso, os cruzados destroçaram Carcassonne, Bram, Minerve, Termes e Lavaur, ignorando quaisquer tentativas de rendição. Como recompensa pelo extermínio dos hereges, os cruzados ganharam o perdão pelos seus pecados – e puderam repartir entre si as riquezas e terras do Languedoc. A carnificina só parou em 1229, quando foi celebrado o tratado de paz de Meaux-Paris, entre Raimundo VII de Toulouse e o rei Luís IX da França.
A fogueira final
Inocêncio III morreu sem ter conseguido extinguir o catarismo. A tarefa coube a seu sucessor, Gregório IX, que assumira em 1227. Com a situação aparentemente controlada em termos militares, o papa teve uma idéia que seria decisiva para a história dos séculos seguintes. Em 1231, por meio da bula Excommunicamus, criou a Santa Inquisição. Não é exagero dizer que a caça aos cátaros foi uma das principais razões para a novidade. Afinal, após anos de perseguição, eles haviam mudado sua maneira de agir. Agora, os Perfeitos misturavam-se à população, sem usar a tradicional veste negra. Para facilitar a identificação dos cátaros, a Inquisição empregava métodos sofisticados – e sórdidos – de interrogatório e investigação.
A última ação militar contra os cátaros foi o cerco a Montségur, em 1243. Naquela época, a Inquisição já havia provado sua eficácia para eliminar seletivamente os hereges. Depois das condenações nos tribunais inquisitórios, a Igreja usava o “fogo purificador”: de acordo com o discurso oficial, a morte na fogueira seria a única forma de salvar as almas dos cátaros.
Encurralados, os cátaros eram colocados diante da seguinte escolha: negar sua fé ou enfrentar a fogueira. De uma forma ou de outra, a religião ia sendo exterminada. Em 1321, foi executado o último sacerdote cátaro conhecido, Guillaume Bélibaste, que havia se refugiado no oeste da Espanha. Cerca de um século depois, já não se ouvia mais falar de seguidores do catarismo. Terminava assim a trajetória dos contestadores que, com humildade de caráter e simplicidade de métodos, haviam conquistado o respeito do povo – da mesma forma que os primeiros cristãos haviam feito, 12 séculos antes, na Palestina.

Caçador de cátaros

Simão de Montfort acabou morto por uma guarnição feminina
Antes de ser convidado para comandar as tropas da Cruzada Albigense, Simão de Montfort, nascido por volta de 1160, já havia sujado suas mãos de sangue em nome da Igreja. Ele participara da fracassada Quarta Cruzada, entre 1202 e 1204. O movimento havia sido convocado para expulsar os muçulmanos da Terra Santa, mas acabou se desviando um bocado do objetivo. Um dos culpados foi o próprio Simão de Montfort, que no meio do caminho resolveu saquear com seus homens a cidade de Zara (hoje Zadar, na Croácia), contrariando as determinações do papa Inocêncio III para que nenhum cristão fosse atacado durante a campanha – a Quarta Cruzada, aliás, terminaria de modo ainda pior, com a pilhagem de Constantinopla, em 1204. Anos mais tarde, durante a Cruzada Albigense, Montfort reforçou sua reputação de líder inflexível e implacável. Glorificado como herói da fé católica por diversos cronistas, ele foi o responsável direto pela morte de milhares de pessoas – já que raramente dava ordens para poupar alguém. Em 1209, Montfort se tornou visconde de Béziers e Carcassonne, duas localidades que suas tropas haviam arrasado. Liderando um massacre após o outro, ele logo se transformou no senhor absoluto da região do Languedoc. Montfort lutou pela expansão de seus domínios até a morte, em 1218, durante um cerco à cidade de Toulouse. Segundo alguns relatos, ele foi atingido por uma pedra atirada por uma catapulta da guarnição feminina da resistência cátara – destino apropriado para alguém conhecido por ser “firme como uma rocha”.

Heresias sortidas

Na época dos cátaros, católicos também desafiaram a Igreja
Percebendo que a Igreja estava se desviando de seus princípios originais, o papa Gregório V promoveu uma ampla mudança na instituição. A Reforma Gregoriana, iniciada em 1075, reforçava a obrigatoriedade do celibato no clero e atacava a simonia (a venda de falsas relíquias cristãs). Enquanto o papado tentava reestruturar o catolicismo, entretanto, a confusão teológica era generalizada. Além de grupos cristãos dissidentes – entre os quais os cátaros se destacaram –, a Igreja daquela época foi obrigada a enfrentar vozes dissonantes dentro de sua própria comunidade de seguidores e sacerdotes. Em 1110, o religioso Tanchelm de Antuérpia, originário da região de Flandres (hoje na Bélgica), levou alguns fiéis católicos a idolatrá-lo cegamente – a ponto de aceitarem beber a água que ele usava para tomar banho. Crítico dos rumos da Igreja, ele se proclamou messias e acabou preso na cidade alemã de Colônia. Ficou na cadeia entre 1113 e 1114 e, no ano seguinte, após ser libertado, foi morto por um padre católico. Na mesma época, Pedro de Bruis, nascido na Provença, quis reformar a Igreja na marra. Apesar de ser padre, ele chacoalhou o sul da França promovendo ataques a igrejas e queimando crucifixos – assim como os cátaros, ele detestava a opulência dos templos católicos e desprezava o significado místico da cruz. Acusado de heresia, foi executado na fogueira em 1126.

Saiba mais

Livros
A Heresia dos Cátaros – Uma Revolução Medieval, Stephen O’Shea, ASA, 2003
Editado em Portugal, descreve os mais dramáticos episódios relacionados aos cátaros.
Hereges de Deus – A Cruzada dos Cátaros e Albigenses, Aubrey Burl, Madras, 2003
Um relato vívido e impressionante da história cátara. O assunto principal é a sangrenta Cruzada Albigense.

http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/cataros-exterminio-puros-435805.shtml

Por que os padres não podem se casar?

Por que os padres não podem se casar?


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A princípio, padres não se casavam por opção, para dedicar 100% do tempo e das energias à oração e à pregação - da mesma forma que Jesus Cristo. Em 1139, ao final do Concílio de Latrão, contudo, o matrimônio foi proibido oficialmente a membros da Igreja. Embora a decisão tenha se apoiado em passagens bíblicas - como "É bom para o homem abster-se da mulher" (presente na primeira carta aos Coríntios) -, uma das razões mais fortes para a transformação do celibato (como é conhecida a proibição do casamento) em regra foi o que, já naquela época, ditava as regras da humanidade. Fé? Nada disso. Grana! Na Idade Média (do século 5 ao 15), a Igreja Católica alcançou o auge do seu poder, acumulando muitas riquezas, principalmente em terras. Para não correr o risco de perder bens para os herdeiros dos membros do clero, o melhor mesmo era impedir que esses herdeiros existissem. Isso não fez muita diferença para os monges, que, por opção, já viviam isolados em mosteiros, mas em algumas paróquias a proibição gerou discórdia. A maior delas ocorreu no começo do século 16 e foi uma das razões pelas quais o cristianismo passou pelo seu maior racha: Martinho Lutero rompeu com o papa e criou a Igreja Luterana, que permitia o casamento dos seus pastores - e permite até hoje (veja o quadro abaixo). Depois da Reforma Protestante, a Igreja Católica reafirmou o celibato, definindo no Concílio de Trento, em 1563, que quem o rompesse seria expulso do clero. A regra se manteve até 1965, quando o papa Paulo VI permitiu que padres se casassem e continuassem freqüentando a Igreja (sem a função de padres, claro). Para conseguir essa liberação, o padre noivo precisa enviar um pedido ao Vaticano e esperar a autorização, que pode demorar até dez anos. "João Paulo II tornou o processo mais demorado, mas Bento XVI está limpando a mesa", diz o teólogo Afonso Soares, professor da PUC-SP. Além de promover a tal limpeza, o novo papa surpreendeu, em agosto do ano passado, ao aceitar que o ex-pastor anglicano David Gliwitzki, casado e pai de duas filhas, e tornasse padre.
Mulher do padreVeja como outras religiões tratam a vida amorosa de seus sacerdotes
Judaísmo
Rabinos podem ter relacionamentos e se casar. A única recomendação é que a esposa seja judia
Budismo
Não reconhece nenhum ser superior capaz de dar ordens de conduta, mas monges e monjas vêem a abstinência sexual como algo que eles devem se esforçar a aprender
Cristianismo protestante
Pastores (batistas, metodistas, da Assembléia de Deus ou de qualquer outra corrente) podem se casar. Entre os luteranos, há grupos de monges que, por opção, adotam o celibato
Cristianismo Ortodoxo
Homens casados podem virar padres, mas dificilmente serão promovidos a bispos. A regra é a mesma em correntes católicas orientais, como a maronita e a ucraniana
Islamismo
Qualquer homem (no islamismo, não há sacerdotes como no catolicismo) não só pode como deve ter quatro esposas, se puder sustentá-las, é claro. As mulheres, por outro lado, só podem ter um marido.

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-os-padres-nao-podem-se-casar

Quais eram os métodos medievais mais usados para fazer torturas?

Quais eram os métodos medievais mais usados para fazer torturas?


Os torturadores da Idade Média usavam de tudo um pouco: de aparelhos que esticavam o corpo das vítimas até deslocar as juntas a objetos perfurantes dos mais variados tipos. Boa parte dos métodos de punição já existia desde a Antiguidade, mas os carrascos medievais também desenvolveram novas formas de tormento, incorporando os avanços tecnológicos da época, como os recém-surgidos dispositivos de relojoaria. A prática da tortura era comum, pois a confissão era considerada a mais importante prova nos tribunais, assim ela precisava ser extraída a qualquer custo. Presos em sombrias masmorras, no subsolo de fortalezas, os suspeitos eram submetidos a suplícios durante semanas e o terror só acabava quando eles reconheciam a culpa, em geral relacionada a casos de roubo, traição política ou assassinato. A princípio, a Igreja se manifestou contra a tortura para extrair confissões, mas, no final da Idade Média, já usava a prática sem cerimônias para punir hereges e suspeitos de bruxaria ou enquadrar pregadores que se afastassem de sua doutrina oficial. No ano 1252, o papa Inocêncio IV publicou uma bula (carta solene do pontífice) autorizando a tortura de suspeitos de heresia. Não era considerado pecado infligir castigos físicos aos acusados, a única recomendação era para que o serviço sujo não ficasse a cargo dos padres... O auge do uso da tortura em interrogatórios aconteceria já fora do período medieval. A partir do século 15, a Inquisição - tribunais da Igreja Católica que puniam quem se desviasse de suas normas - tinha até manuais para orientar carrascos. Vale lembrar que, além do tormento físico, métodos psicológicos também eram utilizados, envolvendo drogas psicotrópicas, extraídas de plantas como mandrágora ou estramônio. Essas poções provocavam terríveis delírios, servindo para "confirmar" que o réu possuía laços com o demônio.
Mergulhe nessa
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Na livraria:
História Medieval, Jacques Heers, Bertrand Brasil, 2000
The History of Torture and Execution, Jean Kellaway, The Lyons Press, 2002
Na Internet:
www.shanmonster.com/witch/torture/index.html
Sessão de horrorNas masmorras, vítimas tinham juntas deslocadas e couro cabeludo arrancado
RODA DE FOGO
A roda foi um suplício muito usado a partir do século 12. O prisioneiro era amarrado na parte externa de um grande disco de madeira, colocado sobre um recipiente contendo brasas incandescentes. Ao girar lentamente a roda, o carrasco fazia com que o corpo do torturado ficasse exposto ao calor, até que o réu morresse em conseqüência das queimaduras sofridas
TECNOLOGIA CRUEL
O desenvolvimento da relojoaria na Idade Média inspirou novos instrumentos a serviço da dor. A "pêra" era um aparelho com pequenos mecanismos e molas em seu interior. Ela era introduzida no reto ou na vagina da vítima e, com o uso de parafusos, os mecanismos de relojoaria eram acionados para expandir o volume do objeto, causando graves dilacerações
PESADELO FEMININO
Algumas formas de tortura eram aplicadas exclusivamente às mulheres. A mastectomia (remoção dos seios) era uma delas. A vítima tinha as mamas dilaceradas e em seguida arrancadas, com o emprego de pinças e outros instrumentos de ferro aquecidos. Em certas ocasiões, a mulher era obrigada a engolir os próprios seios e acabava morrendo sufocada
BATENDO AS BOTAS
Forma de tortura popular na Escócia medieval, as botas eram um tipo de "calçado" com o interior forrado por pontas metálicas. O condenado era obrigado a colocá-las nas pernas, enquanto o carrasco as ajustava com um pesado martelo, fazendo com que as pontas penetrassem na carne. Os poucos réus que sobreviviam a tal pesadelo ficavam aleijados ou mutilados
URNA PAULEIRA
Se você gosta de rock, certamente conhece o grupo Iron Maiden, "Donzela de Ferro" em inglês. Mas talvez não saiba que a banda foi batizada com o nome de um instrumento de tortura. Tratava-se de uma urna, em formato de mulher, com o interior cheio de estacas de metal. O prisioneiro era obrigado a entrar na urna e as portas eram fechadas, pressionando as estacas contra seu corpo, o que provocava dolorosos ferimentos
ALONGAMENTO RADICAL
O estrado era uma prancha de madeira com mecanismos para esticar o corpo da vítima. Depois de ter os pulsos e tornozelos amarrados por cordas nas extremidades da prancha, os mecanismos eram acionados lentamente e puxavam o corpo em direções opostas. A vítima tinha as juntas deslocadas e os tendões rompidos e no final podia ser desmembrada
ESCALPO EUROPEU
Outra forma de tortura usada só contra mulheres era a laçada. Ela surgiu na Idade Média, mas foi empregada na Rússia até o início do século 20. Durante as sessões de interrogatório, carrascos enredavam o cabelo de mulheres acusadas de algum crime em pedaços de metal, que eram torcidos até que o couro cabeludo fosse arrancado
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-eram-os-metodos-medievais-mais-usados-para-fazer-torturas

O que foi a Inquisição?

O que foi a Inquisição?


Inquisição
Também chamada de Santo Ofício, essa instituição era formada pelos tribunais da Igreja Católica que perseguiam, julgavam e puniam pessoas acusadas de se desviar de suas normas de conduta. Ela teve duas versões: a medieval, nos séculos XIII e XIV, e a feroz Inquisição moderna, concentrada em Portugal e Espanha, que durou do século XV ao XIX. Tudo começou em 1231, quando o papa Gregório IX - preocupado com o crescimento de seitas religiosas - criou um órgão especial para investigar os suspeitos de heresia. "Qualquer um que professasse práticas diferentes daquelas reconhecidas como cristãs era considerado herege", afirma o historiador Rogério Luiz de Souza, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atuando na Itália, na França, na Alemanha e em Portugal, a Inquisição medieval tinha penas mais brandas - a mais comum era a excomunhão -, embora a tortura já fosse autorizada pelo papa para arrancar confissões desde 1252. Já sua segunda encarnação surgiu com toda força na Espanha de 1478.
Dessa vez, o alvo principal eram os judeus e os cristãos-novos, como eram chamados os recém-convertidos ao Catolicismo, acusados de continuarem praticando o Judaísmo secretamente. "A justificativa desse retorno da Inquisição era a necessidade de fiscalizar a fidelidade desses conversos", diz outro historiador, Nachman Falbel, da Universidade de São Paulo (USP). A verdade é que esses grupos já formavam uma poderosa burguesia urbana que atrapalhava os interesses da nobreza e do alto clero. O apoio dos reis logo aumentou o poder do Santo Ofício, que, para piorar, passou a considerar como heresia qualquer ofensa "à fé e aos costumes". Por exemplo, quem usasse toalhas limpas no começo do sábado ou não comesse carne de porco era acusado de Judaísmo. A lista de perseguidos também foi ampliada para incluir protestantes e iluministas, homossexuais e bígamos.
As punições tornaram-se bem mais pesadas com a instituição da morte na fogueira, da prisão perpétua e do confisco de bens - que transformou a Inquisição numa atividade altamente rentável para os cofres da Igreja. A crueldade dos inquisidores era tamanha que o próprio papa chegou a pedir aos espanhóis que contivessem o banho de sangue. A migração de judeus expulsos da Espanha para Portugal, em 1492, fez com que a perseguição se repetisse com a criação do Santo Ofício lusitano, em 1536. O Brasil nunca chegou a ter um tribunal desses, mas emissários da Inquisição aportaram por aqui entre 1591 e 1767. Calcula-se que 400 brasileiros foram condenados e 21 queimados em Lisboa, para onde eram mandados os casos mais graves. Os inquisidores portugueses fizeram 40 mil vítimas, das quais 2 mil foram mortas na fogueira. Na Espanha, até a extinção do Santo Ofício, em 1834, estima-se que quase 300 mil pessoas tenham sido condenadas e 30 mil executadas.
A caminho da fogueiraNa Espanha e em Portugal, a Inquisição abusava da crueldade para punir quem se desviasse da fé católica
1. O JULGAMENTO
A. A CHEGADA DA INQUISIÇÃO
Um grupo de monges do Santo Ofício chegava à aldeia e reunia toda a população na igreja. No chamado Período de Graça, que durava um mês, convidavam os pecadores a admitirem suas heresias. Quem se confessasse, em geral se livrava das penas mais severas
B. AS INVESTIGAÇÕES
Quem não aproveitasse o Período de Graça poderia ser denunciado. Como a Inquisição incentivava a delação, o pânico era generalizado: todos eram suspeitos em potencial. O acusado era convocado a se defender no tribunal
C. A SENTENÇA
O suspeito era interrogado por três inquisidores. Um deles, o inquisidor-mor, dava a sentença final. A defesa era difícil: raramente o réu tinha direito a um advogado. Para arrancar confissões, o Santo Ofício colocava espiões no encalço do suspeito e recorria a tenebrosas práticas de tortura
2. AS TORTURAS
A. ESCALA DE PUNIÇÕES
O inquisidor-mor variava a crueldade dos castigos conforme a heresia. Os mais leves incluíam deixar o acusado acorrentado, sem comer nem dormir por vários dias. Mas os relatos históricos registram outros bem mais dolorosos, como os aparelhos chamados potro e extensão. Para amedrontar os acusados, os carrascos faziam uma demonstração de como funcionavam esses dispositivos. Para abafar os gritos, era comum colocarem colchões nas portas
B. O POTRO
O livro Prisioneiros da Inquisição traz a história de Jean Coustos, mestre da loja maçônica de Lisboa, condenado pelo tribunal. Coustos passou pelos horrores do potro em 1743: "Me prenderam com uma argola no pescoço, um anel de ferro em cada pé e oito cordas que passavam por furos no cadafalso. Ao sinal dos inquisidores, elas foram puxadas e apertadas pelos carrascos. As cordas entravam na carne até os ossos e faziam jorrar sangue. Repetiram a tortura por quatro vezes. Perdi a consciência e fui levado de volta à minha cela sem perceber"
C. A EXTENSÃO
Seis semanas depois, o maçom foi submetido a outra tortura: a extensão. "As cordas, puxadas por um torniquete, faziam com que os punhos se aproximassem um do outro, por trás. Puxaram tanto que as minhas mãos se tocaram. Desloquei os dois ombros e perdi muito sangue pela boca. Repetiram três vezes o mesmo tormento antes de me devolverem à cela". Nos meses seguintes, Coustos ainda sofreu mais uma série de torturas até confessar. Foi condenado a quatro anos de trabalhos forçados em 1744
3. AS SENTENÇAS
A. O AUTO-DE-FÉ
Assim era chamada a cerimônia pública em que se liam as sentenças do tribunal. Os autos-de-fé geralmente ocorriam na praça central da cidade e eram grandes acontecimentos. Quase sempre o rei estava presente. As punições iam das mais brandas (como a excomunhão) às mais severas (como a prisão perpétua e a morte na fogueira)
B. QUEIMADOS VIVOS... OU MORTOS
A execução na fogueira ficava a cargo do poder secular. Se o condenado renunciasse às heresias ao pé do fogo, era devolvido aos inquisidores. Se sua conversão à fé católica fosse verdadeira, ele podia trocar a morte pela prisão perpétua. Quando descobria-se que um defunto havia sido herético, seu cadáver era desenterrado e queimado
C. MARCAS DA HUMILHAÇÃO
Para serem vistos pelo público, os prisioneiros subiam em um palco. Os que eram obrigados a vestir as chamadas marcas de infâmia, como a cruz de Santo André, chegavam a ser agredidos pela multidão. Outros levavam velas e vergastas nas mãos para serem chicoteados pelo padre durante a missa
O MAIS DESUMANO INQUISIDOR
Fanático. Cruel. Intolerante. Nos registros históricos, não faltam adjetivos depreciativos para definir o frei dominicano Tomás de Torquemada (1420-1498), o mais duro inquisidor de todos os tempos. Organizador do Santo Ofício espanhol, ele era confessor e conselheiro dos reis Fernando e Isabel. Em 1483, essa influência rendeu-lhe a nomeação de inquisidor-geral, responsável pelos 14 tribunais na Espanha e suas colônias. Logo de cara, autorizou a tortura para obter confissões, ampliou a lista de heresias e pressionou os reis a substituir a tolerância religiosa pela perseguição aos judeus e aos conversos. Resultado: ao final de sua gestão, mais de 170 mil judeus foram expulsos da Espanha e 2 mil pessoas viraram cinza nas fogueiras.
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Qual é a diferença entre protestantes e evangélicos?

Qual é a diferença entre protestantes e evangélicos?


Protestante
Os dois nomes referem-se aos cristãos que romperam com a Igreja Católica durante a Reforma Protestante. O termo protestante vem do documento formal de protesto - Protestatio - que os luteranos apresentaram em uma assembléia em 1529, manifestando a sua oposição à política religiosa adotada pela Igreja Católica. Já o nome evangélico vem do fiel que se submete ao ensinamento contido nas "boas-novas" (evangelium, em latim) trazidas por Jesus. Os protestantes se declaravam seguidores do Evangelho - um dos seus princípios durante a Reforma era o da Sola Scriptura ("Só a Escritura", em latim). Isso significava que, para os protestantes, apenas a Bíblia era fonte de revelação suprema, e que não deveria ser permitido à Igreja fazer doutrinas fora dela. Todos esses movimentos estimulavam o fim do monopólio da Igreja sobre a interpretação da Bíblia e reivindicavam que todo e qualquer cristão pudesse ler as Escrituras e tirar delas o que quisesse. Os protestantes recusavam a idéia de que um único líder - o papa - deveria guiar os rumos da religião. Sem um "chefe", cada grupo começou a se fragmentar em diversas correntes, com pequenas divergências doutrinárias. Abaixo você confere a diferença entre os principais ramos do cristianismo. :-D
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qual-e-a-diferenca-entre-protestantes-e-evangelicos

CADA UM COM SUA CRUZ
Divergências entre cristãos deram origem a várias denominações religiosas
CRISTIANISMO
Jesus pregava que a mensagem de Deus destinase a toda a humanidade, e não apenas ao povo eleito como diziam os judeus. A comunhão de bens, a partilha do pão e o batismo eram alguns dos ensinamentos de Jesus aos seus apóstolos e seguidores, que formavam uma pequena comunidade perto de Jerusalém
IGREJA CATÓLICA
Após a morte e ressurreição de Cristo, seus apóstolos começam a organizar uma religião, com hierarquia e regras. A crença básica da Igreja primitiva era uma só: Jesus é o Senhor, e a salvação dependia da fé n'Ele
GRANDE CISMA
A Igreja Católica cresceu e tornou-se religião oficial do Império Romano, que se dividiu em Ocidental e Oriental. O papa romano e o patriarca de Constantinopla passaram a disputar poder, gerando o cisma
IGREJA ORTODOXA
A denominação "Igreja Ortodoxa" só surge no século 11. Os ortodoxos só admitem ícones como representações de Cristo e de santos. Eles crêem que o Espírito Santo só procede do Pai, e não do Pai e do Filho como os católicos
REFORMA PROTESTANTE - 1517
Martinho Lutero publicou "95 Teses" criticando a condução do cristianismo, como a venda de um lugar no paraíso (as indulgências). John Wyclif, Jan Huss e João Calvino também queriam uma Igreja mais "racional
LUTERANOS
Uma das novidades introduzidas por Martinho Lutero é a possibilidade de livre interpretação da Bíblia - no catolicismo de então, o Livro era em latim e só os padres poderiam "traduzir" o que significavam os versículos das Escrituras
ANGLICANOS - 1534
A religião surgiu por causa do rei Henrique VIII, que queria se divorciar, o que não era permitido pelo papa. Ele nomeou-se "Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra" e rompeu com os católicos de Roma
BATISTAS
Só os cristãos adultos, já conscientes de seus atos, podem ser batizados,mas o ato não é obrigatório para a salvação. Para os batistas, o crente deve escolher por sua própria consciência servir a Deus
METODISTAS
John Wesley deixou a Igreja Anglicana para pregar nas ruas da Inglaterra e fez vários discípulos, que criaram uma nova denominação. Na doutrina metodista, a Bíblia está no centro das fontes de conhecimento teológico
CALVINISTA
João Calvino queria uma religião com maior observância à Bíblia e princípios morais mais rígidos. Uma das doutrinas do calvinismo é a da predestinação: alguns humanos já nascem salvos, enquanto outros não
PENTECOSTALISMO
Surgiram nos EUA movimentos com influência de batistas e metodistas. Eles aceitavam manifestações do Espírito Santo, como a capacidade de curar doentes, de fazer milagres e de falar línguas
NEOPENTECOSTALISMO
Diferem dos pentecostais pelos costumes mais liberais e por adotarem a teologia da prosperidade, que valoriza a riqueza material. Também crêem que o Diabo é o responsável por tudo de mal
ANABATISTA
Só adultos são batizados. Os anabatistas eram conhecidos como a "ala radical" da Reforma Protestante. Pacifistas, eles se recusam a portar armas, usar espadas ou até mesmo prestar serviço militar
AMISH
Grupo cristão baseado nos Estados Unidos e Canadá famoso pelo isolamento. Os amish evitam contato com o mundo exterior: é proibido o uso de equipamentos eletrônicos como telefones e automóveis e pratica-se o casamento intra-religioso
TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
Não crêem na divindade de Jesus Cristo e nem na Santíssima Trindade. Afirmam adorar exclusivamente a Jeová (Deus). Entre alguns dos pontos polêmicos defendidos por eles, está a proibição da transfusão de sangue entre os fiéis
RESTAURACIONISMO
Os teólogos divergem quanto à classificação de testemunhas, adventistas e mórmons. Alguns afirmam que vieram da insatisfação de protestantes de várias correntes,que queriam "restaurar" o cristianismo original nos EUA
MÓRMONS
Conhecida como Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias - o nome "mórmon" vem de um profeta. O batismo é feito em uma fonte especial, sobre 12 bois, que representam as 12 tribos de Israel
ADVENTISTAS
Os adventistas pregam o retorno de Jesus Cristo. Alguns crêem no sono da alma entre a morte e a ressurreição, e outros fazem a guarda do sábado, dia em que não podem trabalhar. Evitam carne e narcóticos.

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E se a Reforma Protestante não tivesse ocorrido?

E se a Reforma Protestante não tivesse ocorrido?

Se o monge Martinho Lutero não fosse contra o papa, a Alemanha seria a maior potência mundial e não existiriam guerras.

Dizem que ele não tinha a intenção. Mas, em 1517, quando o monge alemão Martinho Lutero se revoltou com os rumos do catolicismo e propôs uma reforma na Igreja, acabou mudando o destino do mundo inteiro. Naquela época, reis, príncipes e duques estavam insatisfeitos em prestar obediência ao papa, por isso, aproveitaram o movimento para proclamar sua independência não só religiosa mas também política. Eles viraram protestantes, brigaram com Roma e, de quebra, apossaram-se das terras da Igreja e criaram seus próprios reinos independentes. "Foi assim que o nacionalismo ganhou força, monarquias se desenvolveram e línguas e culturas nacionais puderam finalmente ganhar espaço", conta o teólogo Haroldo Reimer, professor da PUC de Goiás. Sem a Reforma, no entanto, a Igreja Católica continuaria a mandar na Europa, contando com o apoio do seu braço forte, o Sacro Império Romano-Germânico, da família alemã dos Habsburgos. "A Alemanha, na figura do império e com a bandeira católica, teria conseguido se expandir cada vez mais, unificando os reinos europeus no século 16, e se tornaria a maior potência mundial", conta o historiador Wilson Maske, professor da PUC do Paraná. O lado bom: não teria havido a 1ª Guerra, o nazismo nem a 2ª Guerra. "Esses conflitos foram deflagrados pelo atraso da unificação alemã e pela sua frustração por não ser uma grande potência", explica Wilson. O lado ruim: alguns países nem sequer existiriam - como os EUA. O Holocausto não teria acontecido, mas judeus sumiriam: seriam convertidos à força pela Inquisição. E o destino do Brasil não seria muito diferente - com exceção da nossa diversidade religiosa. Em vez de vários credos, haveria apenas o catolicismo.

Viaje com Deus 

TREVAS, RELOADED
Sem a Reforma, ideais iluministas de liberdade e igualdade seriam sufocados pelo medo e pela opressão da Igreja. Assim a Revolução Francesa teria que esperar, e Igreja e Estado absolutista continuariam de braços dados por mais tempo. Já a Inglaterra católica não teria se desenvolvido economicamente nem estendido seus domínios pelo mundo. Quem ganharia seria o Sacro Império Romano-Germânico e sua aliada Espanha da Inquisição.

SÓ O PAPA SALVA
Qualquer pessoa, segundo os protestantes, pode alcançar a salvação por conta própria, sem intermediários. Se não tivesse ocorrido a Reforma, essa ideia não existiria e continuaria prosperando o comércio de indulgências - taxas cobradas pela Igreja em troca do perdão dos pecados. E Roma lucraria rios de ouro com a peregrinação de fiéis em busca das bênçãos divinas.

MAIS VIRGENS
A história dos EUA é a de protestantes em busca de liberdade religosa. Sem eles, a América do Norte se dividiria entre colônias francesas, no Canadá e interior dos EUA, e espanholas, na costa leste (a Nova Espanha) e na faixa do Texas à Califórnia (parte do México). E, como em outros países católicos, nativos encontrariam na Nova Espanha uma imagem da Virgem Maria, que viraria padroeira do país.

BENTO 15 E A ÚLTIMA CRUZADA
Com a decadência do Império Otomano no início do século 20, o Sacro Império Romano-Germânico (que, sem as Guerras Napoleônicas, não teria se dissolvido) poderia ressuscitar as Cruzadas e tomar a Terra Santa. Mas a região não viveria em paz, com palestinos tentando retomar sua terra.

SÍ, ¿CÓMO NO?
Esqueça o inglês e o alemão - eles só se desenvolveram depois que a Reforma abriu caminho para o nacionalismo. Sem elas, línguas neo-latinas predominariam - e, aliada ao Sacro Império Romano-Germânico, a Espanha expandiria seus domínios e sua língua pelo mundo.

LUCRO? DEUS ME LIVRE!
A ideia do trabalho metódico e do acúmulo de recursos veio com o protestantismo, cuja ética acelerou o capitalismo moderno. Sem a Reforma, provavelmente a economia se desenvolveria a passos lentos, e a Revolução Industrial teria que esperar. Poderíamos até ter resquícios de antigas formas de comércio, como o escambo. O catolicismo também manteria a aura de santidade na pobreza.

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sexta-feira, 25 de março de 2016

Curiosidade: A Guerra dos Cem Anos foi a mais longa da História?

Qual foi a guerra mais longa da história?


A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) é considerada por muitos historiadores como a mais longa de todos os tempos. A partir da Idade Média, nenhuma outra disputa entre dois povos durou tanto quanto ela. Na Antiguidade é mais complicado estabelecer datas pela falta de documentos - principalmente sobre eventos no Oriente. Mas era difícil para os povos da época terem condições materiais e exércitos suficientes para sustentar uma guerra tão longa quanto a dos Cem Anos. O conflito começou em 1337, quando o rei francês Felipe VI invadiu uma região no atual sul da França que na época pertencia à Inglaterra. A resposta do monarca britânico, Eduardo III, foi a invasão do país rival, dando início à disputa quase sem fim. As duas monarquias queriam expandir sua área de influência sobre feudos que até então tinham uma boa autonomia. Ou seja, por trás da guerra estava rolando o processo de centralização do poder na mão dos reis e a própria formação dos dois países. Isso influenciou na longa duração da disputa, pois guerras muito longas só são possíveis de ser mantidas com Estados bem organizados. Mas vale lembrar que os combates tiveram alguns intervalos com trégua, períodos que os dois lados usavam apenas para reorganizar seus exércitos para as batalhas seguintes. Apesar de os ingleses terem levado a melhor nas primeiras décadas da guerra, eles terminaram perdendo os territórios que controlavam na atual França. A Batalha de Castillon, vencida pelos franceses no sul do país em 1453, é considerada o marco histórico do final da Guerra dos Cem Anos.
O tempo não páraAlguns fatos curiosos mostram como durou a briga entre ingleses e franceses
Nova geração
O rei Henrique VI (1421-1471), que estava no trono inglês quando a guerra terminou, nem havia nascido quando a disputa com os franceses teve início. Ele só veio ao mundo mais de 80 anos depois!
Quinteto real
O arranca-rabo durou tanto que no período a Inglaterra teve cinco reis (Eduardo III, Ricardo II, Henrique IV, Henrique V e Henrique VI) e a França também (Felipe VI, João II, Carlos V, Carlos VI e Carlos VII)
Da flecha ao canhão
No início do conflito, os arqueiros foram fundamentais para o predomínio inglês. Já nas décadas finais foram os canhões - usados pela primeira vez na Europa nessa guerra - que ajudaram a França a virar o jogo
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A Guerra dos Cem Anos

    O que foi a Guerra dos Cem Anos?


Guerra Cem Anos
Foi um dos maiores conflitos da Idade Média, entre duas das principais potências européias: França e Inglaterra. Apesar do nome, durou mais de um século - segundo a definição dos historiadores, tudo começou em 1337, para terminar só em 1453. "Não foi um confronto ininterrupto, mas uma série de disputas que incluíram várias batalhas", diz a historiadora Yone de Carvalho, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para entender a origem de tanta briga é preciso recuar no tempo. Em 1066, um duque da Normandia (território francês) chamado Guilherme conquistara a Inglaterra, tornando-se seu rei. Tanto Guilherme quanto seus sucessores eram, ao mesmo tempo, donos do trono inglês e também súditos do rei da França, já que tinham herdado terras naquele país. Séculos depois isso criaria muita encrenca.
Em 1328, o rei francês Carlos IV morreu sem deixar um herdeiro. O então rei da Inglaterra, Eduardo III, considerou-se um pretendente legítimo ao trono vago, pois, além de súdito, era sobrinho de Carlos IV. O problema era que outros nobres franceses reivindicavam o mesmo trono e uma assembléia acabou escolhendo um conde chamado Felipe - que ganhou o título de Felipe VI. A relação de desconfiança entre os monarcas dos dois reinos e a disputa entre eles por territórios franceses - Eduardo III tinha herdado os direitos sobre as regiões da Gasconha, da Guiana e de Ponthieu - resultou na guerra. A França tinha uma população quase quatro vezes maior que a da Inglaterra e também era mais rica, mas não se encontrava tão unida e organizada enquanto nação. A Inglaterra, por sua vez, possuía uma monarquia mais forte e se deu melhor no início da guerra.
Não houve uma grande expansão, mas, ao final da primeira fase do conflito, em 1360, tratados asseguraram aos ingleses a total soberania sobre as terras que possuíam na França. Nas décadas seguintes, conflitos internos levaram os dois países a se concentrarem mais nos problemas domésticos e a guerra entrou numa fase de paz não-declarada, rompida de quando em quando. Por volta de 1420, um novo rei inglês, Henrique V, decidiu aproveitar uma crise entre o monarca francês e alguns nobres para reivindicar novamente o trono da França, dando início a mais um período turbulento. Essa fase final do conflito, porém, foi favorável aos franceses. Comandados por um novo rei, Carlos VII, e com exércitos mais organizados, eles expulsaram os ingleses da Normandia, da Guiana e da Gasconha. A famosa batalha na cidade francesa de Castillon, em 1453, é hoje considerada pelos historiadores o fim da longa guerra, embora nenhum acordo tenha sido assinado e eventuais conflitos tenham continuado a ocorrer.
"A Guerra dos Cem Anos foi a última guerra feudal e também a primeira moderna. Ela foi dirigida por membros da aristocracia feudal no início do conflito e terminou como uma disputa entre Estados que já tinham exércitos nacionais", diz Yone. Por isso, ela foi um grande marco no desenvolvimento europeu (principalmente na França) da idéia de nação, que unificou países antes divididos em territórios controlados por nobres.

Ponto estratégico
Apesar de a guerra ser travada em território francês, havia cidades estratégicas também na Inglaterra. Os navios que faziam a ligação entre a ilha e o continente partiam de Southampton, um dos principais portos ingleses na Idade Média
Arma poderosa
A besta, arma medieval para lançar setas, foi um dos destaques do arsenal militar usado na guerra. Sob certas condições, o arco se mostrou superior, disparando mais flechas por minuto, com maior alcance e precisão. Mas a besta possuía suas vantagens: exigia menor esforço, era mais fácil de transportar e de ser disparada por um homem a cavalo
Batalha shakespeariana
Pano de fundo das cenas mais emocionantes da peça Henrique V, de Shakespeare, a batalha de Agincourt, em 1415, foi a última grande vitória inglesa na guerra. Cerca de 9 mil soldados do rei inglês Henrique V conseguiram derrotar 25 mil cavaleiros franceses
Momentos DecisivosOs grandes cercos e batalhas se deram em território francês
1. No início do século XIV, o rei da Inglaterra, Eduardo III, controlava os ducados da Gasconha e da Guiana e o condado de Ponthieu, territórios que herdou dentro das atuais fronteiras da França. Mas, em 1337, o rei francês Felipe VI ordenou o confisco das duas primeiras regiões - foi o estopim da guerra
2. Outra causa importante do início do conflito foi a disputa pela região de Flandres, que enriquecera com a produção de tecidos, importando lã da Inglaterra. Apesar de estar economicamente vinculada aos ingleses, Flandres era um domínio francês. Quando começaram as hostilidades na Gasconha, o rei inglês desembarcou um exército em Flandres
3. A primeira grande batalha foi travada na cidade de Crécy em 1346 e acabou vencida pelos ingleses. Nela morreram o irmão do rei Felipe VI e cerca de 1 500 soldados franceses
4. Nas guerras medievais, grandes batalhas só aconteciam de vez em quando. Eram mais comuns os cercos a cidades e fortificações, que ficavam na mira de catapultas. A cidade portuária de Calais enfrentou um dos primeiros grandes cercos da guerra e resistiu por quase um ano diante dos ingleses, até a população se render em 1347, abalada pela fome
5. Em 1356, numa batalha em Poitiers, os ingleses tiveram outra importante vitória. Caçados por um exército comandado pelo próprio rei francês João II (sucessor de Felipe VI), eles se protegeram numa área pantanosa. Ao atacar, os cavaleiros franceses atolaram e foram dizimados por arqueiros. O rei João II foi feito prisioneiro e só libertado após aceitar tratados que garantiam à Inglaterra o controle de territórios na França
6. A virada na guerra viria após o cerco a Orleans, que durou sete meses, entre 1428 e 1429. Os franceses, encurralados, já estavam prontos para se render quando Joana D’Arc, camponesa transformada em grande guerreira, convenceu o rei francês a mandar tropas para a região. Os ingleses não resistiram e abandonaram o cerco. O episódio serviu para colocar na história o nome de Joana D’Arc e unir ainda mais os franceses
7. Em julho de 1453, tropas inglesas tentaram atacar uma fortificação francesa perto de Castillon. Elas foram derrotadas ao serem recebidas pela recém-introduzida artilharia de campanha - canhões que podiam ser transportados. Embates continuaram ocorrendo, mas essa batalha é considerada o marco histórico que encerra a Guerra dos Cem Anos.

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